BIO
Rebeca Tavares, nascida em Governador Valadares-MG, criada em Vitória-ES e atualmente vive em Portugal. Estudante de mestrado integrado do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Lisboa (FAUL). Integrante do Grupo de Estudos Andança no período de 2020 - até o momento. Membro do grupo de pesquisa do Núcleo de Participação e Democracia (NUPAD) do departamento de Ciências Sociais (UFES) no período de 2017-2019, Bolsista voluntária em Iniciação Científica CNPq|PIVIC no período de 2017-2018.
Título: Relação entre Arquitetura, cenografia e Cinema
Sala de Cinema - Foto do portal Veja Rio de maio de 2021
A arte em todas as suas formas e manifestações artísticas sempre desempenhou um papel de grande importância na construção da sociedade e consequentemente na vida das pessoas. Sobretudo, no período pandêmico que vivemos a arte se tornou ainda mais imprescindível, onde inicialmente isolados em nossas casas, uma das formas de arte e entretenimento mais procuradas, foram as produções cinematográficas, o cinema sempre fez parte da história e do cotidiano das pessoas, seja individual ou coletivamente.
As plataformas de streaming tiveram um aumento de adesão muito relevante nesse período. No cenário global, segundo o relatório da Motion Pictures Association - MPA, houve um aumento de assinaturas de 26% em 2020, em relação aos anos anteriores à pandemia de COVID-19, correspondendo á 232 milhões de novas contas, resultando em 1,1 bilhão de assinaturas no final do ano de 2021.
Quando analisamos qualquer obra cinematográfica, intrinsecamente analisamos o panorama arquitetônico exposto, e essa relação entre essas duas artes é de extrema importância para compreensão da narrativa apresentada. O cinema é uma ferramenta que instiga o imaginário de possibilidades infinitas, suscitando reflexões e discussões sobre a realidade e os futuros possíveis. Além disso, as produções fílmicas também são instrumentos que estimulam o diálogo e análise dos espaços arquitetônicos e urbanísticos.
Assim como na criação de determinados espaço arquitetônico investiga-se percepção do usuário, tempo, relações sociais, enquadramento, conceitos de apropriação entre outros estudos, o cinema também faz uso dessas conceituações para criação de cenários. Deste modo, os cenários podem atuar também como personagem que cria relações entre espectador e obra.
A arquiteta Eduarda Lira em seu trabalho final de curso intitulado “A Cenografia na Narrativa Cinematográfica: Uma História de Star Wars” aponta que: “A arquitetura possui uma relevância no processo criativo de novos mundos em mídias audiovisuais, em especial no cinema, tendo em vista a necessidade de combinação entre influência histórica, cultural e arquitetônica na representação ou criação de um cenário.”
Dessa forma, a construção de cenários permite a criação de espaços simulados, diferente da realidade concreta, entretanto, proporciona experimentações até mesmo urbanas de uma nova realidade ou da manipulação de uma realidade existente. Nesse caso o cinema possui a possibilidade do controle de uma dimensão temporal das histórias apresentadas.
Diante disso, a cenografia pode reconstruir o tempo histórico, através de cenários, fragmentos de vivências nas cidades ou podendo explorar obras arquitetônicas existentes ou imaginadas.
Ao analisarmos a relação entre arquitetura e cinema, a cenografia está implicitamente posta, em toda obra cinematográfica pressupõe um plano de fundo, onde a trama se desenvolve. Para Vera Hamburger, diretora de arte cinematográfica, “o desenho do espaço é o primeiro passo para a configuração de um cenário”.
A vista disso, é importante ressaltar o papel da arquitetura, no processo criativo em relação ao auxílio do tempo cronológico através de obras arquitetônicas e forma urbana, tanto na releitura do concreto e histórico, quanto o concebido através de cenários imaginados nas produções audiovisuais.
No espaço cinematográfico a imagem é um conceito multifacetado e efêmero na perspectiva do espectador. O espaço arquitectónico, é estático, já o espaço cinematográfico, é dinâmico, move o espectador em seu imaginário, através da narrativa contada em espaços ora concretos recortados da realidade existente, ora imaginados e simulados para contar uma história.
A arquiteta Eduarda Lira, ainda aponta que “Os cenários são como fragmentos, assemelham-se a uma colagem, formando uma estrutura análoga ao mundo real, permitindo que o espectador construa uma memória visual dos lugares onde se passa cada parte da trama. Funcionando como no mundo real, onde criamos memórias espaciais ao longo do tempo.” Desse modo, a apropriação do cenário produzido gera no espectador uma aproximação com determinadas obras, ou aversão às mesmas, em todo caso, podemos perceber que a cenografia dos espaços não são meramente um plano de fundo onde uma narrativa é contada, ela é também parte da história e influencia diretamente o enredo.
Referências:
ARCHDAILY BRASIL. Como a Arquitetura fala com o cinema. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/867865/como-a-arquitetura-fala-com-o-cinema. Acesso em: 21 Jan. 2022.
CHAGAS, Raimundo. Arquitetura no cinema, crítica e propaganda. Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2008.
FORBES. Um ano depois do início da pandemia, plataformas de streaming contabilizam ganhos. Disponivél em: https://forbes.com.br/forbes-money/2021/03/um-ano-
depois-do-inicio-da-pandemia-plataformas-de-streaming-contabilizam-ganhos/ Acesso em: 23 Jan. 2022.
HAMBURGER, Vera. Arte em cena: a direção de arte no cinema brasileiro. Editora Senac. Edições Sesc. São Paulo, 2014.
LIRA, Eduarda. A Cenografia na Narrativa Cinematográfica: Uma História de Star Wars. Projeto Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória. 2020
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